Findhorn... Já havia escutado esse nome algumas vezes em minha
vida, especialmente quando se falava em comunidades alternativas e
espiritualidade. Quando decidimos fazer essa viagem, muitas pessoas nos
perguntavam, vai a Findhorn? E cada vez fomos chegando mais perto e minha
vontade de conhecer esse lugar foi ficando mais forte, até que uma amiga me
mandou o link, entrei, me apaixonei pela comunidade e pelos cursos oferecidos,
Coincidentemente bem na semana que tínhamos disponível estaria acontecendo um
festival de dança sagrada ( quem me conhece sabe o quanto gosto de dança....
Estava achando tudo muito incrível e sincrônico!) Até chegar a parte dos
preços... Foi a primeira decepção em relação a comunidade, que se dizia tão
alternativa, tão espiritual... Cheguei até a duvidar de todos aqueles
princípios maravilhosos e espirituais. Ainda mais agora que estamos numa viagem
totalmente lowbudget e essa é a piração do momento, como desfrutar e trocar
experiência baseando-se minimamente no dinheiro. ( inclusive uma das coisas que sabíamos sobre
eles era uma sustentabilidade econômica e, realmente estamos buscando novos
modelos econômicos que já funcionem, mas me parecia bem comercial...) Enfim o
chamado de conhecer a comunidade já era uma sementinha plantada há tempos em
meu coração... Fora que sou Brasileira e não desisto nunca, ;)
Mandamos um email solicitando uma bolsa para o curso
explicando todo o propósito da nossa viagem e nos disponibilizando a fazer trabalho
voluntário, não depender da acomodação deles, enfim, lançamos nossa intenção no universo...
A resposta veio alguns dias depois de uma forma nada positiva,
Eram muitos nãos... Eu não podia fazer
o curso, (pois não tinha feito a "Experience week",curso introdutório,
que custa outra fábula) , eles não
aceitavam trabalho voluntário como moeda de troca. Embora achassem nossa viagem
e propósito muito legal. Nos desejaram sorte e encaminharam para o departamento
de cursos introdutórios.
Ou seja, meu pedido de redução de pagamento tinha no mínimo
dobrado de preço, pois se quisesse ir teria que pagar a semana e o curso... e
ainda descolar uma semana a mais de tempo livre.... Fiquei pensativa.... Queria
muito, meu coração dizia sim... Mas o racional e matemático diziam que era um
ABSURDO! Estou muito feliz por estar trabalhando essa questão dos Valores, de
como quero gastar o dinheiro, até porque temos o dinheiro, mas significa torrar
em uma semana o equivalente a 1 ou 2 meses de viagem... E realmente a
experiência e tempo de viagem estão sendo tão valiosos, e está sendo um
aprendizado muito bonito... Fui forte, venci a tentação e decidimos então fazer
a tal Family Experience Week e aplicar
para bolsa, ( dando uma doação do que considerávamos viável para aquilo) e
desisti do curso de dança... no dia seguinte novamente a resposta negativa, não
aceitavam crianças com menos de 5 anos... ( eu fiquei de cara, Joaquim fora
barrado. Pensava que tipo de família não tem crianças de 0-5? , no mínimo
estranho... desconfiei de novo... mas a sementinha continuava lá... Com toda determinação e um pouco de deboche
mandamos um e-mail perguntando se de alguma maneira era possível chegar lá sem
gastar milhares de libras e com uma criança?
Um sim apareceu, láaaaa no fim...- Claro, pode pagar 20 libras para conhecer
o local, e nos solicitou enviar email para o departamento de visitas....
Cansamos de emails, muita formalidade e burocracia, nos mandando
de departamento a departamento... e assim fomos para a Escócia, nos planos
Findhorn continuava lá, porém com um certo desânimo... No meio do caminho
falamos com amigas que tinham estado lá recentemente e passaram contato de
brasileiros que moravam lá, nos conectamos e descobrimos novas maneiras de
chegar na comunidade, achamos uma casinha bem simpática próxima a comunidade no
airbnb, fizemos a Reserva! Tudo parecia
melhorar...
Embarcamos para Escócia... Tudo que sabia sobre lá era que
fazia muuuito frio, e que homens usavam saia e tocavam aquele instrumento
esquisito mas com um som delicioso...
Fiquei de cara! Que bonito! Não acho que bonito não seria um
bom adjetivo, é estonteante, aqui eles se referem a Dramatics Scenaries and
breathtake. Sim! de tirar o Fôlego, Lindooooo especialmente a Ilha de Skye...
Com suas formações rochosas esplêndidas, milhares ( sim mais de mil...)
cachoeiras com águas transparentes, que
formam poços encantados com água azul esverdeada,
cachoeira com mais de 200 pés ,que caem de um penhasco direto no mar, pontes antigas, ruínas de castelos, praias maravilhosas de pedra, de coral com água transparente, (parece Cancun!) E o tempo, como nosso querido Host escocês nos havia dito, "se você não
gostar do clima, não importa irá mudar em minutos" e assim foi, acordávamos
com um dia lindo, nublava em minutos, chovia, ventava, abria o sol, fazia
calor, chovia, arco-íris,
sol, ventooooo frio, casaco, sol, esquentava.... e
assim sucessivamente.... Resultado, muitos arco-íris! Acho que foram mais de 6
em dois dias.... e lindos!!!!!!
Só faltou vermos as auroras boreais, elas acontecem na escócia
mais no outono-inverno...
Fora que conseguimos uma acomodação incrível na ilha depois de
ter o Airbnb negado, achamos uma opção maravilhosa, na casa de uma ávo, cheia
de carrinhos para Joaquim, com um café da manhã delicioso e pela metade do
preço do que gostaríamos, como a Acomodação de Findhorn também tinha dito que
NÃO decidimos ficar mais um dia nesse
lugar deslumbrante e ficar um dia apenas em Findhorn....
Mas enfim chegamos!
Chegamos sem saber, sem lugar para ficar, e com três pés
atrás... chegamos 13:45 Fomos no tal do visitor centre e as 14:00 tinha uma
visita guiada, Paga claro! Eu devo confessar que detesto visita guiada... mas
ao mesmo tempo com apenas um dia, e querendo verdadeiramente entender um pouco
mais a fundo a história da comunidade. Aplicamos para a visita guiada, que foi
conduzida pela Maya, uma senhora no seus 60 e poucos anos, que já vivia na
comunidade há 8 anos, uma delicia de pessoa, uma energia bárbara e uma clareza
e leveza invejáveis... E assim vou contar um briefing do que pegamos do tour e
da comunidade...
Teve início com uma família Alice e com seus três filhos e seu
marido e uma amiga Dorothy ( a única que continua viva) numa pequenina caravana.
Nunca teve a intenção de virar uma comunidade, tudo foi apenas acontecendo.
Existia um conceito espiritual muito forte de buscar a guiança
interna. Alice foi esse pilar, da quietude, de silenciar e escutar a intuição
essa guiança que ela chamava de "inner voice". Uma coisa que ficou
forte foi que eles nunca desconfiaram/ questionaram essa guiança... O marido
dela, com treinamento militar, trouxe a
disciplina e a ação, porém aliado ao conceito do amor. "Love in
action" Aqui abro um parênteses
Esse talvez foi a coisa que me pegou lá, pois durante o tour maya nos falou que
existem três maneiras de se fazer as coisas, uma com eficiência, ( e eu me
identifiquei demais com esse sempre quis fazer as coisas da maneira mais
eficiente possível, e sim tinha um ar de competitividade nisso....) ou fazer
por que tem de ser feito, mas sem a vontade, ou fazer com amor, com o maior
carinho do mundo. Fazer com Amor, acho que faltava esse toque do universo e
agora junto do 100% a eficiência deu lugar ao amor. ahh estou assim
aproveitando bem mais qualquer coisa que esteja fazendo! está uma delicia!
O
terceiro pilar trazido por Dorothy foi o da co-criação com a natureza, Escutar
a natureza e criar junto com ela, considerando ela como agente principal. o Que
foi incrível e tiveram resultados maravilhosos em um solo super arenoso eles
conseguiram crescer um jardim maravilhoso, que ficou famoso pelos repolhos
gigantes! Quando eles tinham qualquer
problema ou estavam indecisos entre as guianças internas o que eles faziam era
dar uma desacelerada no processo, permitindo que o universo tivesse também
tempo de trazer suas respostas e seus ritmos. Esse conceito de co-criação de
respeitar e criar um espaço para que o universo se manifeste. sair do tempo
racional da mente e entrar no tempo do coração do universo.
O que vimos foi uma comunidade bem livre, cada um tem sua
própria liberdade, existe uma vertente espiritual e solicitam que diariamente
você faça alguma prática, mas pode ser qualquer uma, eles tem 3 santuários para
isso. Maravilhosos Um com energia
terrena, no subsolo do saguão principal fica alinhado com o topo aonde recebe
iluminação solar e tem formato pentagonal, tem o na natureza, feito de pedras e
cob, com teto verde, formato de sol para cima e no chão os ritmos da lua, com 3
janelas representando as 3 maneiras de se ver o mundo ( uma sobre um angulo
orgânico e uma com ângulos retos e uma com divisões). E o mais antigo invocando
a energia ancestral e criadora ao lado da caravana original. Andando pela comunidade tem muitas detalhes te
lembrando isso com muita delicadeza e amor.
Mesmo sendo uma das comunidades mais antigas ainda não conseguem ser auto-suficientes, na
produção de alimentos e de recursos, tem muitos visitantes, tem o inverno
rigoroso, então a alternativa é pegar de comunidades, de cooperativas. Mas com
o budget limitado também não conseguem ser totalmente orgânicos. Economicamente,
embora já tenham sua própria moeda e criando um novo sistema/modelo econômico, notamos
muitas faltas e ainda dependem totalmente do dinheiro mundano. Contudo sempre
estão inovando em soluções para isso e tem uma das menores pegadas ecológicas.
Uma coisa interessante é que eles são bem realísticos, não se
trata de uma "ilha"estão a par e discutem todos os problemas com
todos é a temática e o desafio desse viver em comunidade dentro do mundão, e
mesmo lá na comunidade tem a fundação, a comunidade e uma comunidade dentro da
comunidade... e o mais engraçado que traz a tona os valores opostos é que os
vizinhos deles são a base aérea da Escócia. Tão engraçado um lugar que difunde
a paz ser vizinho do local mais bélico do país. Porém eles mantém uma excelente
relação e tem acordos no qual eles não voam durante os períodos de meditação e
avisam quando tem treinamentos ou ações.
Pode se sentir um ótimo
astral, as pessoas estão realmente com um novo propósito construindo a nova
era, crianças começaram a chegar, então em breve teremos uma abertura maior
para crianças, as pessoas são super solicitas. É um lugar no final das contas
bem acolhedor inspira arte, as construções são sustentáveis e incríveis, e é
aberto, ou seja é possível visitar de graça, tem camping e área para caravanas,
tem sim espaço para voluntariar e wwoofing no jardim, ahh e o mais incrível,
durante o tour ela contou que estava acontecendo o festival de dança sagrada (
aquele que eu queria participar... lembram:?) e que teria uma sessão aberta,
naquele dia a noite! Fomos verificar e sim! mediante uma doação pude participar
até da dança sagrada! Ai como eu amo esse universo!!!!!!
Essa foi minha história, minha experiência nesse primeiro
contato com Findhorn, confirmando a confiança na guiança interna, por mais que
tivéssemos muitos nãos sempre acreditei na minha vozinha lá de dentro, e tudo
se abriu como mágica. Até convites tivemos para ficar lá.
Sendo assim super recomendo a experiência, para aqueles que
tem dinheiro e pouco tempo vejam a
programação e se inscrevam para cursos e os que não tem muito dinheiro mais tem
tempo apliquem para voluntariado, (tempo mínimo 2 semanas! )
Vale super a pena! Escutem o chamado de vocês!